sexta-feira, 13 de abril de 2018

Dor nos seios ao amamentar

Se seu peito está doendo na hora de dar de mamar ao bebê, é sinal de que há algo errado na amamentação. A boa notícia é que há solução, uma vez identificada a causa.


Pega incorreta: a causa mais comum da dor no peito

A causa mais comum de dor nas mamas é a falta de "encaixe" entre a boca do bebê e o peito. O primeiro passo é ver, então, se o bebê está fazendo a pega direitinho. 

A dor causada pela pega incorreta é bem característica, pois dói o mamilo, ou seja, o bico, e não "lá dentro" do peito. O mamilo também pode rachar e sangrar. 

Procure ajuda o quanto antes para corrigir a pega. Além de machucar seu mamilo, a pega errada prejudica a produção de leite. E, mesmo que você cuide do mamilo e ele cicatrize, se a pega estiver errada a ferida vai voltar.

O melhor lugar para buscar ajuda gratuita é num banco de leite público. Você também pode buscar consultorias experientes em amamentação, além da orientação do pediatra. Sempre leve o bebê com você, para que a pega seja avaliada em ação. 

Veja a seguir alguns dos outros motivos frequentes que fazem com que o peito doa quando a mulher dá de mamar. 

Reflexo da "descida" do leite (ejeção)

Pode ser que você tenha um pouco de dor nos seios quando eles estiverem se enchendo antes de uma próxima mamada. O reflexo da descida, também conhecido como reflexo da ejeção do leite, é provocado pela ação do hormônio ocitocina. 

A ocitocina estimula os músculos da mama a drenar o leite. Nos primeiros dias após o parto, esse hormônio é liberado em resposta à sucção do bebê. Posteriormente, qualquer coisa que faça você pensar no bebê vai liberar a ocitocina. Para algumas mulheres, esse tipo de situação leva ao vazamento de leite (normalmente nas horas mais impróprias!). 

O reflexo da descida é diferente para cada mãe. Algumas sentem um leve formigamento, outras enorme pressão e um pouco de dor, e há ainda aquelas que não sentem absolutamente nada. 

A maioria das mulheres nem percebe o reflexo da descida nos primeiros dias, embora possa sentir cólica enquando dá de mamar nos dias após o parto, em função da contração do útero para voltar ao tamanho original (processo deflagrado pelo mesmo hormônio). 

A sensação da descida do leite pode ficar mais presente quando o bebê já tiver algumas semanas, mas, à medida que a amamentação fica mais natural, grande parte das mulheres nem a nota mais.

Produção excessiva de leite

Algumas mulheres que produzem leite em abundância sentem uma dor aguda na área mais profunda do seio enquanto dão de mamar. 

Verifique a posição do bebê no seu mamilo para ter certeza de que a pega está correta. A produção de leite tende a se adaptar logo às necessidades de seu filho, e aí a dor também vai diminuir. 

Se você tem leite demais, também pode pensar em doar parte dele a um banco de leite.

Candidíase nos seios

A candidíase é uma infecção por fungo que é transmitida da boca do bebê (o sapinho) para os seus seios. Se o fungo da cândida entrar nos ductos de leite, a amamentação poderá se tornar dolorosa. Ao contrário da dor da descida, que é rápida, a da candidíase persiste durante toda a mamada, e costuma piorar depois dela. 

Para resolver o problema, é preciso usar remédios, tratando ao mesmo tempo mãe, bebê e pai (porque a cândida pode ser transmitida sexualmente também). 

Entre os sintomas estão mamilos doloridos, com coceira, rachados, avermelhados ou que ardem, mas nem sempre todos estão presentes. Você também poderá apresentar candidíase vaginal. A candidíase pode ocorrer quando você toma antibióticos. 

Leia nosso artigo sobre infecção por cândida para saber mais detalhes.

Ingurgitamento: peito cheio demais

ingurgitamento ocorre quando as células produtoras de leite da mama são distendidas demais, tornando a descida do leite mais difícil e por vezes dolorosa. 

Seus seios ficarão bem cheios, inchados, pesados, duros e até com a sensação de que estão empedrados (diferentemente da mastite, que além desses sintomas, provoca febre de mais de 38,5 graus Celsius e costuma afetar apenas uma mama, não as duas). 

Há mulheres que, durante a apojadura, quando o leite desce pela primeira vez, ainda na maternidade ou logo depois de voltar para casa, sentem calafrios, dor no corpo e um mal-estar geral, como se fossem ficar gripadas. Isso é normal, embora muito desagradável. Analgésicos podem aliviar o desconforto, sempre com orientação médica.

Mastite ou ductos bloqueados

A mastite e o entupimento dos ductos podem causar vermelhidão, dor, enrijecimento e inflamação nos seios (no caso da mastite, há também a presença de febre de mais de 38,5 graus Celsius). 

Em muitos casos ocorre também à saída de pus do bico do peito e a dor é quase insuportável. Mesmo assim, o melhor jeito é continuar amamentando. Se o leite ficar parado dentro da mama é pior. O ideal é fazer uma massagem na mama e depois colocar o bebê para mamar, ou então ordenhar o leite. 

Veja como lidar com a mastite e o que fazer para desentupir um ducto obstruído.

Outras possíveis causas para dor nos seios

Há ainda outras possíveis explicações para a dor no peito no período da amamentação: 

  • Ordenha inadequada do leite através de bombinha. Veja algumas dicas em nosso artigo sobre como tirar o leite materno.

  • Sutiã de tamanho ou modelo errado. A costura lateral tem que estar nas costelas, e não nos seios, e a parte que abriga as mamas não pode comprimi-las. Não use sutiãs com ferrinho enquanto estiver amamentando.

  • Compressão pelo uso de conchas. Caso você esteja usando conchas, experimente deixar de usá-las. Em algumas mulheres a compressão da concha pode provocar dores.

  • Dores pré-menstruais. Se sua menstruação tiver recomeçado, ou estiver para voltar, pode ser que você sinta dores pré-menstruais. Elas devem melhorar quando a menstruação descer de fato, e não devem voltar por, mais ou menos, duas semanas. Após a ovulação, geralmente a dor vai retornando. A maioria das mulheres reconhece esse padrão cíclico, e vai conseguir identificar dores nos seios que possam estar ligadas a ele.

  • Displasia mamária ou doença fibrocística da mama. Algumas mulheres sofrem com esse problema, caracterizado por muitos nódulos nos seios, que podem ficar cheios de líquido e causar sensibilidade e dor. A displasia é um problema benigno, mas caso você suspeite tê-lo, o melhor a fazer é consultar um ginecologista para que exames possam descartar outras causas.

O que posso fazer para aliviar a dor na mama?

Em primeiro lugar, ofereça o peito com bastante frequência para o bebê, mesmo que ele não esteja requisitando, porque isso ajuda a solucionar a maior parte dos problemas. 

Se você chegou a aprender alguma técnica de respiração ou relaxamento durante o pré-natal, tente usá-la ao amamentar; pode ser que isso ajude a amenizar o desconforto no momento da "descida" do leite. 

Caso seus seios estejam ingurgitados, o bebê poderá ter dificuldade para se posicionar direito e sugar de maneira eficiente. Nestes casos, vale tentar começar com uma delicada massagem, e depois ordenhar uma pequena quantidade de leite, só até o peito ficar macio o suficiente para o bebê conseguir abocanhar quase a aréola inteira. 

O excesso de leite pode levar ao mesmo problema para uma boa pega do bebê. Quando a criança começa a mamar, estimula uma forte descida do leite, o que pode engasgá-la um pouco. 

Tente a seguinte técnica: 

  • Coloque o bebê no seio como de costume.
  • Quando sentir a "descida", do leite, interrompa a sucção do bebê com cuidado, colocando o dedo na boca do bebê para romper o vácuo.
  • Absorva com uma toalha esse primeiro fluxo de leite que sair.
  • Recoloque o bebê na mama quando o fluxo estiver menos forte.

Quanto mais bem ajustada ao seio e com uma boa pega a criança estiver, mais rapidamente a produção de leite se adapta às necessidades dela e você se sente mais confortável. 

Se a dor nos seios não melhorar em alguns dias, procure seu médico, o hospital onde teve bebê, um posto de saúde ou um banco de leite, para que possa ser examinada e para descartar problemas mais graves, como a mastite. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário